FOLHA de S.PAULO
Preocupação era que não haveria condições de controlar protesto em SP
Encontro, que seria ontem, foi remarcado para hoje em Brasília; tributação sobre filiais no exterior será debatida
Encontro, que seria ontem, foi remarcado para hoje em Brasília; tributação sobre filiais no exterior será debatida
NATUZA NERY VALDO CRUZ RENATA AGOSTINI DE BRASÍLIA
Uma "sardinhada" planejada por sindicalistas da Força Sindical foi o motivo para o adiamento da reunião que o ministro Guido Mantega (Fazenda) teria com grandes grupos empresariais, ontem, em São Paulo.
O churrasco de sardinhas, parte de uma manifestação pela manutenção da política de reajuste do salário mínimo e pela correção da tabela do Imposto de Renda, ocorreria em frente ao restaurante em que seria a reunião.
O governo remarcou o encontro para hoje, na sede do Ministério da Fazenda, em Brasília, porque acredita que conseguirá administrar melhor a manifestação.
A Força Sindical promete reunir um grupo de 200 manifestantes, que também vão assar sardinhas em frente à sede da Fazenda, mas os empresários poderão usar uma entrada particular, evitando os manifestantes, o que não seria possível em São Paulo.
Até ontem à noite, 18 empresários haviam confirmado presença, entre os quais Murilo Ferreira (Vale), Jorge Gerdau (Gerdau) e Marcelo Odebrecht (Odebrecht).
FILIAIS NO EXTERIOR
Na reunião, a Fazenda já vai abrir negociações com os empresários em relação à nova legislação sobre tributação de filiais de empresas brasileiras no exterior.
A princípio, a reunião debateria apenas a conjuntura econômica. A ideia do ministro era abrir a palavra para todos os empresários falarem de inflação, investimentos e crescimento da economia.
Segundo seus assessores, ele pretendia ouvir mais do que falar, como parte do movimento do governo de se aproximar das empresas e reduzir as críticas a sua política econômica.
Agora, um dos pontos principais da reunião será a MP 627, incluída na agenda da reunião porque a nova lei, de forte impacto para as multinacionais brasileiras, tem gerado reações.
Os empresários querem convencer o governo a ceder em alguns tópicos, como no prazo para o pagamento dos tributos e na fatia do lucro lá fora que será tributada.
Da forma como está hoje, os investimentos feitos pelas filais também são alvo de tributos, o que difere da forma como o assunto é tratado pela maioria dos demais países.
Para os empresários, isso mina a competitividade das companhias brasileiras. O governo está disposto a negociar alguns pontos das novas regras, em vigor desde o ano passado. A legislação está em debate no Congresso.
Eles querem preservar a mudança feita pelo relator da MP no Congresso, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que ampliou de cinco para oito anos o prazo para o pagamento dos impostos devidos.
Os empresários temem que a crise do governo com o PMDB contamine as negociações. Cunha é o principal articulador da rebelião dos parlamentares contra o governo.
O cancelamento de uma reunião entre Cunha e o secretário-executivo-adjunto do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, para falar do tema, agendada para anteontem, aumentou essa ansiedade, apurou a Folha.
"EXCLUÍDOS"
A reunião com grandes grupos ministeriais provocou protestos de associações que reúnem pequenas e médias indústrias, como a Abimaq, do setor de máquinas.
Segundo eles, o encontro é um "ato político" e não resolve os problemas da indústria.
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