Para melhorar a remuneração dos trabalhadores formais com renda de até dois salários mínimos, a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), ligada à Presidência da República, sugeriu para área econômica a unificação do pagamento do abono salarial com o benefício do salário-família.
A
proposta, no entanto, esbarra no custo financeiro que seria ampliado
em R$ 3 bilhões por ano, passando de R$ 16 bilhões para 19 bilhões.
No
curto prazo, esse tipo de iniciativa dificilmente será implementado,
devido ao elevado montante envolvido, segundo um técnico da equipe
econômica. A avaliação é que em ano de crescimento econômico
aquém do desejável, e dúvidas quanto ao cumprimento da meta de
superávit primário, fica cada vez mais complicado para o governo
adotar medidas que impliquem aumento das despesas. Somente em 2013, a
área econômica fez um corte no Orçamento de R$ 38 bilhões.
Segundo
a diretora de programas da SAE, Diana Grosner, a proposta tem como
objetivo elevar a remuneração dos empregados formais pouco
qualificados via unificação dos subsídios ao trabalho e
qualificação continuada. Com a unificação do pagamento com o
salário-família, o abono salarial, uma espécie de 14º salário
para os trabalhadores com renda até dois salários, deixaria de ser
pago em uma única parcela no fim do ano para os que tivessem
cadastro no PIS há cinco anos. O valor seria dividido por 12 meses e
incorporado mensalmente ao salário. Dessa forma, o benefício
passaria a ser proporcional aos meses trabalhados.
Hoje,
a pessoa que trabalhar apenas um mês em uma empresa, e tiver o PIS
há cinco anos, recebe o abono salarial integral, o que contribui
para aumento das despesas do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Apesar de adotar a proporcionalidade, a despesa com abono salarial
sobe, porque a secretaria propõe o fim da exigência de cinco anos
de cadastro no PIS para receber o benefício.
Pela
proposta da SAE também seriam implementadas alterações no
salário-família, que hoje é pago aos trabalhadores formais
empregados, exceto os domésticos, e aos trabalhadores avulsos com
salário mensal de até R$ 971,78, para auxiliar no sustento dos
filhos de até 14 anos de idade ou inválidos de qualquer idade. O
valor do benefício seria alterado para englobar todos os
trabalhadores com renda mensal de até dois salários mínimos.
O
salário-família é de R$ 33,16, por filho de até 14 anos
incompletos ou inválido, para quem ganhar até R$ 646,55. Para o
trabalhador que receber de R$ 646,55 até R$ 971,78, o valor do
salário-família por filho de até 14 anos de idade ou inválido de
qualquer idade será de R$ 23,36.
Dados
apresentados por Diana mostram ainda que a despesa do governo federal
poderá ser ainda maior, se acatada a ideia de oferecer qualificação
profissional via Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego (Pronatec). Se todos os trabalhadores que recebem até dois
salários fossem liberados por seus empregadores para realização de
cursos de qualificação, o governo teria um desembolso adicional de
algo em torno de R$ 13 bilhões, estima a diretora da SAE. Neste
caso, a empresa se comprometeria em liberar o trabalhador algumas
horas na semana, sem dedução do salário, para fazer o curso do
Pronatec, que seria bancado pelo governo.
"Espero
que tenha um impacto na rotatividade", disse Diana Grosner,
ressaltando que muitos funcionários pensam duas vezes antes de mudar
de emprego quando têm acesso, por exemplo, a cursos de qualificação.
Fonte: Valor Econômico
Fonte: Valor Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário