O
governo desistiu de acabar com o Fator Previdenciário nas
aposentadorias por tempo de contribuição nesta gestão da
presidente Dilma Rousseff. O tema, polêmico, foi usado como trunfo
por Dilma em negociações para aplacar a ira de aposentados e
sindicalistas no auge das manifestações de junho.
O
chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, já
avisou aos ministros envolvidos nas discussões iniciadas em junho
que a presidente "não quer tocar" o assunto em plena
recuperação de sua popularidade. O tema, informou uma fonte
qualificada ao jornal O Estado de S. Paulo, só voltará à agenda do
governo antes de 2015 em caso de nova catarse nas ruas, hipótese
tida como improvável pelo governo federal.
A
alteração do atual modelo, que reduz o valor das aposentadorias em
até 30%, deve ser oferecida como um benefício aos eleitores nos
palanques de políticos aliados durante a campanha de 2014. Assim,
deputados e senadores em busca de novos mandatos poderão
apresentar-se como "solução política" para "forçar"
o governo a alterar a fórmula de cálculo. Hoje, há quase 5 milhões
de aposentados e 48 milhões de trabalhadores formais na ativa. "Não
é hora de tratar desse tema. Tiramos da prateleira, com as
manifestações de junho, mas agora o assunto refluiu", disse um
ministro.
Nos
bastidores, o governo estima um "refresco" de R$ 11 bilhões
aos aposentados, valor anual que a Previdência Social passaria a
gastar no caso do fim do fator previdenciário. O estoque dessa
economia, segundo conta oficial com valores corrigidos, estaria
próximo de R$ 80 bilhões desde 1999, quando o fator começou a ser
usado como redutor de aposentadorias.
O governo avalia, ainda, que
qualquer alteração do modelo neste momento daria mais visibilidade
ao Solidariedade, novo partido do deputado Paulo Pereira da Silva,
que também comanda a opositora Força Sindical, a segunda maior
central sindical do País. Adversário declarado de Dilma, o deputado
teria espaço para faturar esse alívio aos milhões de aposentados.
Em reunião
há 40 dias com sindicalistas, no Palácio do Planalto, cinco
ministros, coordenados por Gilberto Carvalho, prometeram tocar a
reforma do fator previdenciário. Diante dos sinais de freada na
agenda, e da retomada na popularidade de Dilma, a Força Sindical já
prepara manifestação barulhenta para a próxima semana como forma
de lembrar a promessa.
Na visão do governo, a
substituição do fator por novo modelo ficaria "engatilhada"
para 2015. Seria aplicada uma fórmula de idade mínima para as
aposentadorias, algo semelhante ao que ocorre nos países ricos.
Na mesa de negociação,
também está a chamada "fórmula 85/95", que soma a idade
dos trabalhadores ao tempo de contribuição até atingir o índice
de 85 para mulheres e 95 para homens. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
Fonte: Diário da Grande ABC
Nenhum comentário:
Postar um comentário